12 de maio de 2008

Pesquisa mostra aumento da inserção de empresas brasileiras no exterior

Pesquisa da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, revela que, de 100 empresas dos países emergentes com maior potencial de internacionalização comercial e de investimentos diretos, a maioria é de origem chinesa; mas relaciona também empresas do Brasil, Índia, México, Rússia e Hong Kong. As brasileiras citadas são: Brasken, Coteminas, Embraco, Embraer, Gerdau, Natura, Petrobras, Sadia, Vale do Rio Doce, Votorantim e Weg.

Também podem ser incluídas nesse cenário as empresas resultante da fusão da cervejaria Ambev com a belga Interbrew, em 2004, e a entrada da montadora de veículos Marcopolo e da beneficiadora de suco de laranja Cutrale em outros mercados. Algumas iniciativas tiveram apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre elas a aquisição da Swift Armour argentina pela Friboi, a implantação de duas unidades armazenadoras da Cooperativa Agroindustrial Lar, no Paraguai, e a compra, pela Itautec, de uma distribuidora de produtos de informática nos Estados Unidos.

Essa inserção faz parte de uma mudança de postura do empresariado brasileiro, com a abertura da economia, nos anos 90, quando ficou patente a necessidade de as empresas nacionais se tornarem competitivas, interna e externamente, disse o pesquisador João de Neri Araújo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, isso estimulou a busca de alianças com outras empresas, bem como a instalação externa de escritórios de venda, assistência técnica, representações comerciais e unidades de produção.

De acordo com Araújo, as exportações brasileiras cresceram 149,5% de 2000 a 2006, em grande parte por causa da inovação tecnológica e da internacionalização das empresas nacionais. No entanto, o mais importante a destacar é o aumento sistemático do investimento brasileiro direto lá fora, afirma a economista Daniela Corrêa, no boletim da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP).

Daniela ressalta que muitas empresas nacionais perceberam que é mais simples e efetivo produzir em outro país do que contornar obstáculos logísticos e legais nas operações de venda ao exterior – aí subentendida a questão de barreiras protecionistas, tarifárias e não-tarifárias. Deve-se considerar ainda a desvalorização do dólar, que encareceu o produto brasileiro no mercado externo, mas aumentou a rentabilidade das empresas brasileiras, que direcionam seus recursos para outros países.

Como resultado, o investimento brasileiro direto lá fora, que de 1994 (início do Plano Real) a 2005 havia somado US$ 30,6 bilhões, de acordo com dados do Banco Central, saltou para US$ 28,2 bilhões só no ano de 2006, contra US$ 2,517 bilhões contabilizados em 2005. O aumento se explica, em grande parte, pela compra da mineradora de níquel Inco, do Canadá, pela empresa Vale do Rio Doce, por US$ 14,6 bilhões. No ano passado, o investimento líquido direto no exterior caiu para US$ 7,03 bilhões.

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