24 de setembro de 2007

Pós-feministas fazem de cabelos grisalhos seu libelo

Desde 1968, quando, reza o mito, queimaram sutiãs em praça pública, as mulheres americanas da geração "baby boom" contabilizam muitas conquistas. Desbravaram o mercado de trabalho, assumiram sua sexualidade, tomaram as rédeas da sua vida amorosa.

Em 2008, uma representante dessa fatia da população poderá chegar à Presidência dos EUA --a democrata Hillary Clinton tem aparecido como favorita entre os pré-candidatos de seu partido. Mas ainda há um campo onde a batalha está só começando: os cabelos.
Ao chegarem à maturidade, as "baby boomers" estão deixando de tingir os fios para ostentá-los grisalhos ou brancos. Para elas, essa é uma forma de se libertar da exigência de parecer infalivelmente jovem e sedutora e começar a botar abaixo os padrões estéticos que lhes são impostos pela sociedade.


A escritora Anne Kreamer, 51, não empunhava bandeiras feministas, porém sempre foi exemplo de modernidade e sucesso como profissional --chegou a diretora criativa mundial do canal de TV infantil Nickelodeon--, esposa e mãe.

"Uma amiga me mandou uma foto em que estávamos eu, ela e minha filha Katherine, de 16 anos. Vi a imagem e me dei conta de que não estava enganando ninguém sobre minha idade. Eu era uma senhora de 49 anos que tingia demais os cabelos."

A revelação deu origem a uma jornada de pesquisas sobre o assunto que culminou no livro "Going Gray: What I Learned About Beauty, Sex, Work, Motherhood, Authenticity and Everything Else That Really Matters" (ficando grisalha: o que eu aprendi sobre beleza, sexo, trabalho, maternidade, autenticidade e todo o resto que realmente importa), lançado neste mês nos EUA e sem previsão de chegada ao Brasil.

Anne resolveu averiguar se a cor do cabelo realmente faz diferença na maneira como as mulheres são vistas. E teve uma surpresa. Cadastrou dois perfis num site de relacionamentos: um com foto na qual aparecia de fios castanhos e outro com foto deles brancos.
"O segundo recebeu três vezes mais propostas de encontro", diz. "Talvez, ao verem que eu estava sendo honesta sobre a cor do meu cabelo, os homens me tenham achado mais acessível."

Preconceito
Sentimentalmente as coisas não se apresentaram tão difíceis, mas o mesmo não foi observado nas relações de trabalho. "Entrevistei diversos "headhunters" e nenhum deles conseguiu se lembrar de uma executiva grisalha", relata.

No caso das que atuam no mercado financeiro, é mais aceito, nota Diana Lewis Jewell. "Porque assim elas passam a imagem de experiência e confiabilidade", explica a autora do livro "Going Gray, Looking Great" (ficando grisalha, parecendo ótima), de 2004.

Uma discussão "ridícula", na opinião de Christina Hoff Sommers, filósofa e pesquisadora do feminismo. "No Irã, as cidadãs são impedidas de dar a conhecer e exercitar qualquer traço da sua personalidade, são obrigadas a andar completamente cobertas. Isso sim é uma luta que merece ser abraçada. Pintar ou não o cabelo é mera questão de gosto, estilo", diz.

Já para Chrisy Moutsatsos, professora do Programa de Estudos das Mulheres da Universidade Estadual de Iowa, o problema é mais profundo: "É um ato de resistência contra a obsessão pela aparência, pelo padrão único do que é bonito".


Por: Denyse Godoy Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito de este postagens, e un tema perfeito para esta epoca, aqui no Chile om comportamento dos cabelos das mulieres e quase tabu, mais ainda en niveis ejcutivos. Gostaria que isto estivera escrito en espanhol, para ser vistos por as chilenas, Felicidades pelo Blogg, xlibano@gmail.com

 
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