29 de setembro de 2007

Coragem para encontrar bons negócios

Aquisição de empreendimentos exige avaliação criteriosa do investidor novato. À primeira vista, uma empresa em dificuldades pode até assustar e espantar investidores. Mas atrás de vendas em queda e prejuízos pode estar uma boa oportunidade de negócio. Além de conseguir uma considerável redução no valor da transação, o que pode fazer grande diferença, são muitas as vantagens de encontrar o empreendimento já montado e funcionando, seja uma instalação fabril ou um ponto comercial. Ter uma marca e seu produto no mercado, por menor que seja o público consumidor, e cortar o demorado e burocrático caminho de retirar as licenças de funcionamento - Corpo de Bombeiros, Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), etc. -, o que pode levar até dois anos, são vantagens que merecem uma avaliação mais atenta e criteriosa.
A cirurgiã-dentista Vera Havir decidiu tornar-se uma empresária da área de cosméticos e comprou, há quatro anos, a Esthetic Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda., uma empresa de médio porte que comercializa seus produtos através do sistema de catálogos e que já estava à venda há dois anos. "Adquiri também muitos problemas porque a área financeira não estava bem e o setor de produção não recebia investimentos há algum tempo", afirma Havir. Agora, já com experiência nos negócios, ela alerta para os cuidados que os investidores nesse perfil de empreendimento devem tomar: fazer uma "due diligence" (análise de documentos e informações de uma empresa para mensurar riscos efetivos e potenciais) para levantar todas as dívidas fiscais, trabalhistas, financeiras e eventuais processos judiciais. "As mais perigosas são as fiscais e trabalhistas que podem colocar em risco o empreendimento. Às vezes essas dívidas encontram-se em condições negociáveis, mas às vezes inviabilizam o negócio", diz a empresária.
No caso da Esthetic, os atrasos, principalmente com fornecedores, foram negociados para serem pagos com as futuras vendas. Isso diminuiu os gastos iniciais e permitiu redirecionar esses recursos para investimentos necessários como melhorar o lay-out dos produtos, criar uma identidade visual da marca e adquirir novo maquinário. Para assessorá-la no processo de compra, Havir contratou a RCS Auditoria e Consultoria para realizar a "due diligence". Quando fez o levantamento e análise da performance de venda mensal histórica de cada produto, o estudo da RCS mostrou que alguns produtos tinham margem de contribuição negativa, ou seja, a empresária estava pagando para manter o produto no mercado. Diante disso, foram escolhidos quais itens continuariam sendo produzidos: alguns tiveram o preço de venda aumentado gradativamente, para não afastar os compradores, e outros passaram por uma reestruturação de custos com mudança no tipo de embalagem.
Na época da compra, a Esthetic tinha cerca de 20 produtos e hoje negocia mais de 100 itens. O investimento na compra e reestruturação da empresa somou cerca de R$ 100 mil, segundo Havir. O faturamento desde então vem crescendo cerca de 20% ao ano - ela não revela o valor - e em 2007 prevê aumento recorde de 40%.
Por:Amarilis Bertachini - Gazeta Mercantil

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