5 de setembro de 2007

Nanotecnologia é "moda" em cremes e hidratantes

No entanto, não há nenhuma comprovação científica dos efeitos desta técnica

Uma das armas que a propaganda de cosméticos usa é falar do aperfeiçoamento científico das fórmulas. A “moda” agora é a nanotecnologia presente em cremes e hidratantes. A técnica usa componentes invisíveis a olho nu que prometem maior eficiência no tratamento. No entanto, não há nenhuma comprovação científica dos efeitos desta técnica.
A novidade apresentada por várias empresas do setor de cosméticos é o uso da nanotecnologia em produtos de beleza. Os componentes da mistura são do tamanho de átomos. Por isso, na teoria, o poder de penetração aumenta e as chances de atingir camadas mais profundas da pele são maiores.
O processo já é utilizado na fabricação de hidratantes, protetores solares e cremes anti-rugas. “Em geral, os cremes são constituídos de água e óleo, mas há alguns componentes que não são possíveis de dissolver apenas em água ou em uma grande quantidade de óleo. Nesse tipo de emulsão, a gente consegue dissolver esses componentes com mais facilidade“, explica a farmacêutica Sílvia Almeida Cardoso.
As indústrias de cosméticos lançaram os primeiros produtos com essa tecnologia há cerca de cinco anos, segundo levantamento de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Por enquanto, não há nenhuma pesquisa científica que comprove as vantagens em relação ao tratamento convencional.
Essa é uma preocupação da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O especialista João Carlos Lopes Simão, do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, diz que ainda não foi provado qual o poder exato de penetração desse tipo de cosmético e lembra que não há “milagres” na ciência. “A grande preocupação é que, devido ao fato desses nanocosméticos terem uma preocupação maior na pele, pode ser que essas substâncias sejam também absorvidas pela corrente sanguínea e, aí sim, ocorreriam efeitos colaterais. Mas isso também é probabilidade, porque não existe nenhum estudo controlado a esse respeito”, disse.
A utilização da nanotecnologia em cosméticos é um dos temas do 6º Congresso de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. O pesquisador francês Phillipe Masson, que representa o comitê científico da comunidade européia, acredita que, daqui para frente, pode ocorrer uma revolução na eficácia dos produtos de beleza, mas faz questão de dizer que não há nenhuma pesquisa conclusiva. “Hoje, nós sabemos que essas partículas podem ter um interesse em termo de uso. Mas os impactos que elas têm a longo prazo na área cosmética, ninguém tem a resposta hoje".
Por enquanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não tem regras específicas para analisar cremes feitos com nanotecnologia. “A Anvisa está verificando a possibilidade da criação de um grupo que aborde esse tema para verificarmos o que se pode fazer em relação a isso“, disse Taciana Fronza, especialista em regulamentação da agência.

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