27 de janeiro de 2008

As sem-tintura

Eu particularmente, ADORO este assunto. Afinal com 38 anos já tenho alguns fios brancos e preciso estar a cada 30 dias no cabelereiro...mas como muitas mulheres ainda não tive coragem de assumir a cabelereira branca!!! Já na Europa...
Na Europa, as grisalhas passam batidas. Já em solo tropical, aquelas que assumem os brancos são motivo de curiosidade

Enquanto mulheres cada vez mais jovens mudam a cor do cabelo como quem troca de roupa, as maduras ficam na dúvida: encarar ou não os fios brancos? O assunto rendeu até um livro. Em Meus Cabelos Estão Ficando Brancos - Mas Eu Me Sinto Cada Vez Mais Poderosa (editora Globo), a ex-tingida e atual grisalha Anne Kreamer divaga sobre sua opção e conta a reação da família, amigas e homens. Nos Estados Unidos, onde 65% das mulheres pintam os cabelos, a publicação de Kreamer colocou lenha na fogueira das vaidades. Ela fez as contas e apurou que, durante os 24 anos em que foi ao salão retocar as raízes - sempre a cada três semanas -, desembolsou 65 mil dólares.
Mas não basta coragem para aposentar as tinturas. Personalidade, estilo, tipos de rosto e de pele são fatores que influenciam no resultado. Se usarem os cabelos sempre presos em um coque de vovó Donalda, as incautas vão parecer mais velhas do que realmente são. Aquelas que adotam um corte e visual modernos passam uma imagem de poder e sofisticação, como a personagem de Miranda Priestly, a implacável editora de moda do filme O Diabo Veste Prada. A idéia da cabeleira branca parece ter sido da própria atriz Meryl Streep, que pensou na personagem Cruela Cruel. Outro bom exemplo é a modelo Carmen Dell’Orefice, na casa dos 70 anos. Alta, esguia, chiquérrima, ganhou destaque em desfiles e nos editorias de moda da Vogue ao assumir os cabelos brancos como flocos de algodão, na década de 1970, quando tinha 42 anos.
Há sete anos, a promoter carioca Lalá Guimarães, de 57 anos, madeixas completamente brancas, largou as tintas de vez. “O meu cabelo estava caindo, danificado por anos de química. Fui ao salão e pedi para o meu cabeleireiro cortá-lo bem curtinho. Me acostumei com o visual, até porque sempre fui uma pessoa transgressora”, brinca. Na época, as reações foram as mais variadas possíveis. “Teve pessoas que acharam o máximo e outras que me criticaram por ter entregado a idade de todo mundo. Na Europa ninguém liga, mas, num país latino, o preconceito é forte. Vivemos sob essa paranóia de rejuvenescimento a qualquer custo, botox, preenchimentos e plástica.” Como cuidados especiais, lava os cabelos com xampu Silver, da L'Oréal, que proporciona brilho e reflexos prateados, evitando que os fios fiquem amarelados.
A designer de bijuterias finas Cláudia Duarte, com cabelos grisalhos e corte chanel, conta que era tão dependente da tintura que quando viajava por longos períodos levava na mala uma embalagem do produto que usava. “Sempre tive muitos brancos. Comecei passando um tonalizante e, depois, quando a quantidade de fios aumentou, tingia de 15 em 15 dias.” Cansada das idas e vindas ao salão, decidiu deixar a raiz nascer. O período de transição é a parte mais difícil. Usava faixas na cabeça para disfarçar. As reações ao look natural não demoraram a surgir:- Uma amiga, que não via há tempos, meio sem jeito, perguntou se eu estava com alguma doença. Algumas chegaram a ficar bravas. Diziam que o grisalho dava um ar de desleixo e que envelhecia. Já no supermercado, uma mulher me deu os parabéns. Também teve uma passagem engraçada. Entrei na fila destinada aos idosos no banco e uma senhora reclamou, porque achou que as mechas prateadas eram artificiais. Já os homens se apegam menos às aparências.Segundo Cláudia, tem aquelas que dizem: “em você fica lindo, mas em mim, não.” Justificam que têm cabelo crespo ou liso, enfim, apresentam os mais variados pretextos. “No fundo, no fundo, falta coragem.” Quanto aos cuidados, a designer faz questão de adotar um bom corte e bons xampus, como o Silver, de Kérastase, que usa uma vez por mês, e produtos da Shiseido e L’Occitane.
A stylist Patida Mauad, de 49 anos, nunca teve a curiosidade de mudar a cor do cabelo. Trabalhando há mais de 30 anos com produção, cercada de estilistas e profissionais da área de beleza, sempre era cobrada para tingir os fios. “O máximo que já usei foi henna natural, para dar brilho.” Como sempre praticou natação, seu único cuidado era passar uma rinçagem prata para evitar que os fios brancos ficassem queimados do sol. “Sou vaidosa e acho lindo os reflexos prateados.”
Na terra onde mais se cultua a juventude, além de coragem e estilo, as grisalhas precisam ter paciência para lidar com situações embaraçosas. Como lembra a cabeleireira Celina Nakamura, do salão Celina, em Perdizes, São Paulo, ao menos em terra brasilis, cabelo branco é sinônimo de idade. “Uma cliente nossa, na época com 50 e poucos anos, contou que, durante uma viagem, assim que o avião aterrissou, as aeromoças pediram uma cadeira de rodas para ela. Outra cliente, também grisalha, porém jovem, se fez de surda quando o segurança de um banco insistia para que ela fosse atendida no caixa reservado aos idosos.” Na opinião da profissional, é preciso ter tipo para adotar o estilo branco. “A mulher também deve ser cuidadosa com a escolha de um bom xampu, adotar um corte moderno e fazer hidratação regularmente. Caso contrário, passa um ar de desleixo.”
CAUSAS
Segundo o tricologista (especialista em cabelos) Valcenir Bedin, os fios ficam brancos porque o melanócito (célula que produz a melanina) sofre um processo chamado apoptose (morte celular programada), fazendo com que o pigmento de melanina seja substituído por uma gota de ar. “O fio, inicialmente, fica mais espesso, mas depois volta ao normal. Arrancá-lo não adianta nada, nascem sete no lugar”, brinca, fazendo referência à crendice popular.
O fator hereditário determina o surgimento dos primeiros fios ainda jovem. “Há famílias cujos genes fazem com que seus membros tenham cabelos brancos antes dos 18 anos. Mas, de uma forma geral, eles surgem por volta dos 35 e 45 anos, nas pessoas brancas, na faixa dos 45 e 55, entre os asiáticos, e após os 55 anos, no caso dos negros.”
Bedin explica que existem dois tipos de melanina: a eomelanina, que é mais escura, e a feomelanina, que é amarelada. “Incrivelmente, a mistura desses dois tipos criam uma infinidade de cores de cabelos.” Hoje sabe-se que uma dieta pobre em cobre (encontrado em frutos do mar com casca, como mariscos e ostras, e no chocolate amargo) pode deixar os cabelos ainda mais brancos. “Mas se a dosagem do cobre estiver normal, só a tintura pode resolver. Existe no mercado um aparelho massageador, o Masster, que promete estimular a circulação e adiar o aparecimento dos fios brancos. Já os suplementos alimentares indicados para a recuperação do tom natural dos cabelos, segundo o médico, são apenas complexos vitamínicos, sem qualquer efeito na cor.
NOVIDADES
A coloração antiidade Color Suprême, lançamento da L’Oréal Professional, é especialmente voltada para as mulheres acima dos 55 anos ou para aquelas que apresentam 80% dos fios brancos. Segundo a gerente de formação da linha, Sheila Duarte, as colorações tradicionais precisam de misturas para cobrir os fios brancos, ou seja, há mesclas das chamadas cores bases ou fundamentais com as nuances de reflexo. Só que o efeito de cor fica “chapado”, sem muita luminosidade, fazendo com que os cabelos pareçam um capacete.“A nova coloração dispensa as misturas com cores bases, e cobre 100% dos cabelos brancos, com muita luminosidade, o que atenua as marcas de expressão da mulher. Além disso, tem um aporte de matéria, graças à tecnologia Densilum-R, um trio de ativos que proporciona mais densidade, volume e brilho à fibra capilar.” O mais interessante desse lançamento é que a mulher pode optar pelo look que deseja, como cobrir totalmente os brancos, manter os brancos usando a coloração apenas em algumas mechas nas têmporas e na nuca, misturar branco e cor, criando mechas beges, ou colorir e fazer luzes. Como prevenção, a Kérastase lançou o tratamento capilar Age Recharge, que faz uma espécie de lifting no couro cabeludo. O lançamento é composto por xampu, máscara, um concentrado que fortalece os fios e sela as cutículas e o lipo-recharche, produto que restaura a estrutura da epiderme.
Por: Vera Fiori
Fonte: Jornal O Estado de SP

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